HISTÓRIA



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Cartografia representativa das Capitanias Hereditárias.
A Baía da Traição é um dos núcleos de povoamento mais antigos da Paraíba: a primeira ocupação foi dos franceses, antes ainda da colonização portuguesa, e tinha a finalidade única de exploração comercial do pau-brasil. Pra cá convergia todo o madeiramento abatido na região e daqui seguia para a Europa. Assim, os normandos fundaram uma feitoria, construíram um forte e aliaram-se aos Potiguaras contra os portugueses, vistos como inimigos invasores de suas terras.

A aliança franco-indígena dificultou a ação colonizadora dos portugueses, causando grandes conflitos até a vitória de portugueses sobre franceses. Aí iniciou-se o povoamento até então denominado Potiguara, formado de colonos portugueses e nativos que se dedicavam às atividades agrícolas e pesqueiras.

Até junho de 1625. Nesse ano, quando a esquadra holandesa desembarcou na Baía da Traição, os Potiguaras viviam sob o domínio português. Apesar disso, os índios receberam amigavelmente  os 34 navios da esquadra e seus mais de 600 tripulantes - e ainda por cima ofereceram-lhes seus serviços. A ocupação holandesa obrigou a fuga dos colonizadores, até que as tropas portuguesas de Pernambuco e da Paraíba retomassem o controle da situação.
A traição aos portugueses foi a causa dos muitos massacres de índios Potiguaras havidos nesse período. E foi também o fato histórico que deu origem ao nome Baía da Traição.
O Forte

Após a expulsão dos holandeses do Brasil, em 1625, Portugal ordenou a construção de um Forte (no local hoje denominado Aldeia Forte) sobre o histórico Alto do Tambá, de onde se podia descortinar e defender a barra e a enseada da Baía da Traição. O Forte foi guarnecido por soldados e artilhado com peças de ferro vindas de Portugal. Ainda hoje restam vestígios desta fortificação e dois canhões permanecem no local.

Os Potiguaras 

Na época da conquista da Paraíba os Potiguaras habitavam grandes extensões de terra, desde Pernambuco até o Maranhão, constituindo-se na maior e na mais poderosa de todas as tribos existentes no Nordeste, com uma população avaliada em cem mil pessoas.

Pertencentes à grande família Tupi-Guarani,  os Potiguaras eram resistentes a mudanças, daí sua falta de adaptação às imposições portuguesas, tão contrárias aos seus princípios éticos e morais. Preservaram aspectos culturais por mais tempo que os Tabajara, também Tupi-Guarani e habitantes da Paraíba.


Povo guerreiro, da terra de Acajutibiró, os Potiguaras constituem um grande exemplo de luta entre os povos indígenas no Nordeste brasileiro. Da família linguística Tupi-Guarani, hoje falam somente o português, como ocorre entre a grande maioria dos grupos indígenas da região Nordeste, com exceção dos Fulni-ô de Pernambuco. Com o resgate do aprendizado da língua Tupi-Guarani, do complexo ritual do Toré, da circulação de dádivas nas festas de São Miguel e de Nossa Senhora dos Prazeres e na produção cultural dentro da prática do turismo étnico, procuram manter o vigor de sua identidade étnica.

A dança do Toré é uma importante prática ritual, capaz de balizar as diferenças internas, projetando os grupos nas situações de contato. O “ritual sagrado” celebra a amizade entre as distintas aldeias, realçando o sentimento de grupo e de nação. É uma dança que está na própria percepção e representação da tradição coletiva, sendo, portanto, um elemento essencial para eles se percebam possuidores de um passado histórico comum.

Fontes de informação: José Glebson Vieira
Antropólogo, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), doutorando em Antropologia Social e pesquisador do Núcleo de História Indígena e Indigenismo (NHII) do Departamento de Antropologia da FFLCH/USP




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